Se este post pudesse ter som ouviriamos a música I Still Believe, a minha favorita do musical Miss Saigon, um espectáculo que adorei.
Aliás, quando entrei no War Museum – antes de fazer o check-in no hotel que tinha escolhido na cidade que hoje dá pelo nome de Ho Chi Min – e dei de caras com o famoso helicóptero de duas hélices da Força Aérea americana, o CH-47 Chinook, senti-me parte do cenário de Miss Saigon na Broadway, revi o Apocalipse Now, relembrei conversas com o Peter, um amigo americano marcado pelo combate na guerra do Vietname.
Embora seja claramente um local de propaganda (é mantido pelo governo do Vietname), o Museu da Guerra é também um murro no estômago. Um murro tão grande que eu não consegui ver nem metade…
São centenas de imagens trágicas, dezenas delas a revelar as consequências brutais do uso do agente laranja, um veneno potente, uma espécie de herbicida altamente tóxico lançado por aviões dos Estados Unidos sob o território vietnamita para, entre outras coisas, destruir a vegetação onde os vietcongs se escondiam.
Os reflexos dessa guerra (incluíndo a química) estão documentados em fotos que eu não consegui ver, nem tão pouco sou capaz de aqui publicar. Ainda que algumas possam não ser reais (por exemplo, as mal-formações ali expostas não são todas consequência do agente laranja, há algumas que são doenças genéticas…), a verdade é que há muitas que o são. E, digo-vos, é difícil de ver. Muito duro mesmo.
Saí do Museu da Guerra triste, agoniada, zangada com o que vi.
Precisava de um duche que me lavasse as memórias fotográficas das últimas horas. Pedi à Bella, a minha guia em Saigon, que me deixasse no hotel. Queria mesmo descansar, confortar a alma, os olhos, esquecer…
Cheguei à recepção do Nikko Saigon, hotel que faz parte de uma cadeia asiática conhecida por estar, tecnologicamente, bem equipada, e deram-me um quarto no 18º piso. Quando abri a porta dei de caras com um vidro gigante que desvendava uma cidade, mais bonita, mais cosmopolita do que aquela por onde tinha acabado de passear. Apesar de todas as diferenças, lembrei-me de Luanda que, vista do último andar do hotel Sana, mais parece um presépio. Puro engano…
O quarto era fantástico! Nunca na vida tinha visto ou dormido numa cama tão grande… E não, não eram duas juntas. Era apenas um colchão, bem bom, por sinal. Aposto que os lençóis são feitos à medida porque nunca vi no mercado nenhuns que consigam vestir aquela “autoestrada”!
Depois da cama, segunda surpresa: a retrete! Ou melhor: o robot/computador/retrete. Também nunca tinha visto nenhuma assim! Ela faz tudo: tem vários esguichos de água (na direção e com a intensidade que se quiser), seca (rápidamente, com ar quente) o que se acabou de molhar, aquece o assento, lava-se a si própria, enfim… Um espectáculo! Se estas retretes invadirem o mundo é o fim do papel higiénico…
A banheira e o duche, apesar de ótimos, não tinham novidades dignas de serem anunciadas, ao contrário das amenities da casa de banho onde nem um saquinho de detergente de roupa faltava.
Também nunca tinha visto um pequeno-almoço com tanta variedade como o do Nikko Hotel. Um autêntico repasto para todos os gostos: asiáticos e ocidentais.
Fiquei apenas dois dias no Nikko e num deles viajei até ao Mekong Delta (de que falarei aqui em breve), por isso não experimentei a piscina, o spa, o ginásio, nada… Mas o quarto com aquela cama gigante e com a retrete XPTO ficarão guardados na minha memória para sempre.
FG