O voo de Hanói para Nha Trang (atenção porque o nome do aeroporto é Cam Ranh e é esse que está escrito nos visores de informação do aeroporto) demora menos de duas horas.
No sul do Vietname, Nha Trang é hoje uma estância balnear com hotéis para todos os gostos e bolsos, que crescem na orla marítima a uma velocidade estonteante…
O meu, o Mia Nha Trang, um resort 5 estrelas premiado, afastado de toda essa azáfama turística, fica a cerca de 30 minutos do aeroporto, numa bonita baía.
Fiz o check in numa garden villa para onde fui levada, desde a recepção, num carrinho de golf por um caminho luxuriante.
O quarto era grande, lindo, com uma cama super confortável (apenas com um pormenor de que não gosto: os lençóis não eram brancos), um cesto de fruta que devorei ao longo dos dias (amei a fruta do Vietname!), uma casa de banho enorme em mármore e um duche exterior a convidar-me para ir ter com ele rapidamente. Foi o que fiz sem perder tempo, repetindo-o várias vezes ao longo da minha estada. Porque poucas coisas sabem melhor do que tomar um bom duche ao ar livre, de manhã, à tarde, ou à noite, quando a temperatura nunca desce abaixo dos 24/25 graus.
Aprovado o quarto, era tempo de espreitar a praia. Com poucos chapéus de sol perfeitamente alinhados, a praia parecia paradisíaca. E era. Até ao último dia. Já lá vamos…
O mar tem uma temperatura fantástica (para quem, como eu, gosta de água quente): cerca de 30 graus. Uma “sopa” onde, inevitavelmente, ficamos a “marinar” longas horas alternando com outras águas, igualmente quentes, mas doces: as das duas piscinas do resort, ambas lindas, em localizações opostas (o Mia Nha Trang tem um extensão considerável e é em carrinhos de golf que nos deslocamos de uma ponta à outra do resort). Um passeio de 5 minutos por jardins magníficos, imaculados, com todas as espécies de plantas que possamos imaginar… Um regalo para os olhos. Mesmo!
Ao lado da piscina infinita, (a minha preferida por, apesar de ficar mais distante da praia, ter uma vista de cortar a respiração) há um restaurante italiano, o La Baia, ótimo. Foi lá que almocei nos dois dias que estive em Nha Trang. Porque, confesso, apanhada num resort assim, apeteceu-me tudo menos sair de lá…
Ao jantar optei sempre pelo Sandals, o outro restaurante, perto da praia e da outra piscina, que serve comida vietnamita (ótima!) e tem também uma boa variedade de cozinha internacional. Foi lá, por ser mais perto da praia e da minha villa, onde, nos dois dias, tomei o pequeno-almoço.
No final do meu primeiro dia no Mia Resort (como já disse, só fiquei 2) assisti a um espetáculo incrível: dezenas de barcos coloridos, tipicamente vietnamitas, a saírem para a pesca, ao pôr-do-sol.
São eles que, à noite, formam filas de luzes que mais parecem candeeiros a iluminar uma qualquer ponte ou autoestrada no meio do mar. Como, por vezes, vimos no Algarve e, a brincar, dizemos serem as luzes da autoestrada para Marrocos. Ali, no Mia Nha Trang, só se fosse uma autoestrada para Banguecoque…
Esses barcos que à noite pescam lula e polvo com toneiras, de manhã, quando abalam rumo a terra, deixam um rasto de sujidade indescritível. E imperdoável para um país que quer concorrer com os vizinhos (como a Tailândia) em turismo…
Eu não queria acreditar quando, no dia seguinte de manhã, acordei com um céu azul lindo, corri para a praia e mergulhei sem hesitar. À tona da água vi um peixe morto. Pensei: “que estranho, um peixe morto numa água tão limpa…”. Longe estava eu de imaginar que, a seguir a esse pequeno peixe, a corrente traria centenas deles, todos mortos, acompanhados por pedaços de esferovite branca, de plásticos, transformando o meu mergulho no mar transparente num banho de porcaria. Um cenário dantesco numa baía paradisíaca.
Era o meu último dia no resort, mas, se não fosse, este triste acontecimento ter-me-ia estragado os restantes dias de praia.
É claro que a responsabilidade não é do Mia Resort. Eles são, aliás, as primeiras vítimas desta selvajaria de um povo que, a avaliar por estas atitudes, ainda tem muito a aprender no que ao turismo (e ao civismo!) diz respeito…
Saí do Mia Resort com mixed feelings: por um lado o hotel é lindo, os quartos (as garden villas) fantásticos, os restaurantes não sendo extraordinários são perfeitamente aceitáveis, as piscinas muito boas, os jardins fabulosos… Por outro lado, é frustrante escolher um hotel de praia e ficar privado de nadar no mar.
Não faço ideia se este episódio foi esporádico ou se é frequente. Sei que não me sai da cabeça. Para grande pena minha. O Mia Nha Trang merecia, definitivamente, que ficasse com melhores memórias.
FG