Sempre embirrei com os ex-fumadores que se transformaram, depois de deixar de fumar, em fundamentalistas antitabagismo.
Ao fim de uns dias sem fumar, quando já me levava um bocadinho mais a sério no que a este assunto diz respeito, lembro-me de ter pensado que jamais limitaria a liberdade de um fumador, nunca iria proibir que fumassem perto de mim nem fazer aquele género de me afastar de quem está a fumar.
Faz hoje 3 meses que não toco num cigarro. Noventa dias cumpridos (e, às vezes, compridos!) sem ceder ao vício que me acompanhou nos últimos 38 anos, de manhã à noite, sem intervalo.
Se é fácil? Não, nada fácil.
Mas é muito menos difícil do que alguma vez imaginei…
Voltando ao tal “fundamentalismo”: no outro dia fui almoçar a um restaurante onde vou há muitos anos. O meu marido, na melhor das intenções, marcou uma mesa no espaço exterior existente, coberto por uma tenda de plástico. Claro que era a “zona de fumadores”. Quando me sentei o cheiro era, para mim, tão nauseabundo que não consegui ficar, tive de pedir para me arranjarem uma mesa dentro do restaurante, onde não se podia fumar.
Entretanto, no último fim de semana, voltei a passar por uma situação idêntica. Quis ir jantar ao Traça, um restaurante no Porto que, merecidamente, tem muito boa fama, e só havia lugar na zona de fumadores. Era sexta-feira, noite difícil para conseguir uma mesa em qualquer bom restaurante de uma cidade que está na moda, por isso pensei que não seria grave sentar-me na sala reservada a fumadores. Afinal essa tinha sido a minha escolha durante tantos anos… E não foi até chegar um casal que se sentou ao nosso lado e fez aquilo que tantas vezes eu fiz: fumar vários cigarros durante uma refeição. E o pior é que fumavam os dois ao mesmo tempo.
Percebi então, ao fim de 3 meses, que havia uma coisa que se tinha alterado radicalmente: a minha tolerância ao cheiro do tabaco em espaços fechados.
Não que antes gostasse, mas nada que se compare ao mal estar que me provoca hoje!
Continuo a não querer, de maneira nenhuma, tornar-me uma chata para as pessoas que fumam, mas confesso que, por este andar, corro riscos de isso acontecer. Espero que não…
Ao fim destes 90 dias mentiria se dissesse que penso nos cigarros como pensava no início, mas mentiria ainda mais se dissesse que já me esqueci deles. Ainda, todos os dias, me apetece, num momento ou noutro (ou em vários!) fumar.
Talvez, para compensar essa ansiedade, continue a comer muito mais do que comia e a balança não se canse de retribuir a minha “fraqueza” com quilos a mais. Nestes primeiros meses não me preocupei em lutar a sério contra esse apetite desmesurado, mas agora chega. Tenho mesmo de fechar a boca e pensar que não posso substituir cada cigarro que fumava por uma bolacha, uma fruta, um iogurte ou por um rebuçado.
Uma dieta rigorosa vai ser a minha próxima batalha! E agradeço, desde já, todas as dicas e ajudas para chegar a bom porto.
E você, continua a fumar ou aproveitou o início de 2017 para mudar de hábitos?
Se decidiu deixar de fumar, desejo-lhe muita força e sorte. Vai precisar…
Mas desejo-lhe sobretudo um Grande Ano! (com ou sem cigarros.)
FG
PS. Três meses não são nada. São apenas 89 dias mais um, o de hoje, sem fumar!
