“It’s 5 am. I leave the coffee at the door and we meet in half an hour…”
É assim que começam os dias no Belmond Eagle Island Lodge. Cedo. Sempre cedo. Porque a vida na selva não tarda e há que vivê-la ao máximo antes que o calor, que ainda se faz sentir neste mês de Novembro no Delta do Okavango, nos traga de volta ao lodge.
O saco com o termos do café tem de ser retirado da porta do quarto imediatamente porque os macacos não perdoam. Adoram tudo o que nos pertence e, se nos esquecermos de trancar a porta, arriscamos-nos, no regresso, a encontrar as paredes pintadas com pasta de dentes e “auto-estradas” feitas de papel higiénico…
Moses, o meu guia durante dois dias no paraíso, ama o que faz e contamina os hóspedes que acompanha com a sua paixão. E sabe muito da savana. Acho mesmo que sabe quase tudo, apesar de todos os dias serem diferentes. O seu pai já era guia e ele sonha que uma das suas duas filhas o seja também. Porque, diz, “já há mulheres guias no Botswana, e o futuro na profissão promete”.
O país proibiu toda a caça há uns anos e o resultado no turismo tem sido visível.
Talvez daqui a uns tempos uma das minhas filhas visite o Botswana e seja guiada num safari por Carol tão bem quanto eu fui pelo seu pai…
Tal como Moses, que nos recebeu na pista de aviação privada do Belmond, tudo, absolutamente tudo, neste hotel acabado de reformar, é 5 estrelas.
Com apenas 12 tendas de luxo equipadas com camas gigantes e, sobretudo, com bom gosto, todas com uma mini piscina no terraço a dar para um afluente do Okavango onde elefantes e hipopótamos matam a sede, o hotel foi magistralmente redesenhado pela HBA Gallery. Os espaços públicos (sala, restaurante, livraria e até uma pequena loja) desenhados com formas orgânicas, curvam-se em torno das árvores antigas existentes, o ambiente é sofisticado mas discreto, em parte devido ao mobiliário e acessórios artesanais, encomendados especialmente para o lodge e feitos à mão em África.
As fotos falam por si e dispensam grandes descrições. Só não dispensam uma: a tentativa de conseguir agradecer a simpatia do staff liderado por Baker, e a magia que por lá se vive.
É impossível ser infeliz no Delta do Okavango. Além de impossível deve ser proibido porque nunca falta um sorriso afetuoso nas caras daquela gente que, (descobri depressa!), adoram pronunciar o meu nome: Flipa!
Vou lembrar-me para sempre de todos eles, em especial do Samba e da Marguita.
As atividades no Delta são mais e melhores do que nos outros Lodges de Safari por onde passei em África. Porque às saídas de jipe, juntam-se as de barge (um barco que navega em águas pouco profundas ao por do sol), as de mocoro (canoas feitas em casca de madeira, usadas pelos pescadores locais na sua faina) e as de helicóptero. De todas elas falarei aqui em breve, caso contrário este post não terá fim. Nem em imagens, nem em palavras.
O brunch na savana é, no final de uma manhã de “game drive”, outra experiência imperdível. E inesquecível. Mesa posta com toalhas e guardanapos de pano, um buffet variado (e bom!) de pratos frios e quentes, os empregados e cozinheiras do restaurante do hotel a servirem, um luxo impensável “em casa” de leões, leopardos, búfalos, girafas, elefantes…
Tudo no Belmond é pensado para ser memorável. E é! Por mais anos que viva, jamais esquecerei os dias passados no Delta do Okavango.
Quando me despedi de Moses na mesma pista de aviação onde o conheci, onde senti pela primeira vez esse paraíso com que tantas vezes sonhei, pensei que se morresse em breve, morreria mais rica. Incomparavelmente mais rica. E muito mais feliz!
FG
PS: Quero voltar a agradecer publicamente ao Reno (como já aqui disse, a melhor pessoa para organizar uma viagem a África) e à Across, por terem ajudado a tornar estes meus dias na savana inesquecíveis.